O CULTIVO MICROBIOLÓGICO DO LEITE COMO FERRAMENTA NO CONTROLE DA MASTITE
- SG Consultoria
- 9 de jul. de 2024
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Atualizado: 10 de jul. de 2024
O cultivo microbiológico do leite é considerado padrão ouro na detecção de
infecções da glândula mamária e tem sido um grande aliado nos programas de
controle de mastite, direcionamento de manejos e tratamentos nos rebanhos. Além da
identificação dos patógenos causadores de mastite clínica ou subclínica, também
pode ser utilizado para tomada de decisão no momento da secagem e avaliação pós
parto e pós tratamento (para avaliação de cura bacteriológica).
É a partir da identificação dos patógenos que podemos classifica-los em
ambientais ou contagiosos, de acordo a sua origem ou reservatório natural. Os
patógenos ambientais são aqueles encontrados no ambiente em que as vacas vivem
e os contagiosos são os que tem como reservatório os próprios animais, como pele e
glândula mamária. Apesar de esta classificação facilitar o entendimento da dinâmica
das infecções intramamárias, alguns pesquisadores relatam que algumas espécies
podem apresentar características dos dois grupos. Um exemplo clássico é a
Klebsiella sp, que apesar de ter origem ambiental, pode apresentar perfil de
transmissão contagiosa. Por este motivo, é necessário fazer avaliação da fazenda
como um todo no momento de planejar um plano de ação específico.
Atualmente dentre as opções disponíveis para a realização do cultivo
microbiológico do leite podemos citar o cultivo na fazenda, cultivo convencional em
laboratórios veterinários e técnicas de biologia molecular.
Cultivo na fazenda: utiliza meios cronomogênicos para identificação dos
patógenos e possui a vantagem da rapidez no diagnóstico (geralmente os resultados
são obtidos em até 24 horas), podendo ser utilizado como fator decisório no
tratamento como o uso ou não de antibióticos. É uma ferramenta de fácil utilização,
porém as pessoas necessitam ser adequadamente treinadas para o diagnóstico
correto. Dentre as desvantagens desta técnica estão que alguns patógenos
específicos não são diagnosticados, como Corynecbacterium sp., além de patógenos
que necessitam de maior tempo de incubação ou meios de cultivo específico para
diagnóstico.
Cultivo convencional em laboratórios veterinários: utiliza diversos tipos de
meios de cultivo com finalidades distintas como ágar sangue (meio de cultivo rico em
nutrientes que favorece o isolamento da maioria dos patógenos envolvidos na
mastite), ágar McConkey (meio seletivo para bactérias gram-negativas) e diversos
outras opções para diferenciação das espécies de micro-organismos causadores da
mastite. Na maioria dos casos, após o isolamento de colônias nos meios de cultivo é
necessário realizar a observação no microscópio e realizar outros testes para
determinar a espécie do isolado. Uma vantagem deste tipo de cultivo é a identificação
das espécies dos patógenos, mesmo aqueles que precisam de 48 horas de incubação.
Tem como desvantagens a distância das propriedades, que em alguns casos pode ser
considerável e o tempo entre a coleta da amostra e resultado (geralmente de 5 a 7
dias).
Técnicas de biologia molecular - PCR: é uma tecnologia que basicamente
pesquisa e identifica micro-organismos presentes em amostras de leite a partir de
fragmentos do seu DNA. Tem como vantagens o diagnóstico de patógenos que não
são isolados em cultivos convencionais como Mycoplasma spp e a rapidez para o
resultado. Em contrapartida tem como desvantagem o preço mais elevado e o
resultado ser limitado aos patógenos pré-determinados em cada teste.
De forma resumida, as principais vantagens da realização do cultivo
microbiológico do leite são a redução no uso de antibióticos, redução do número de
tratamentos, manejos mais assertivos em relação ao controle da mastite, bem como a
avaliação do período seco. Como pontos de atenção podemos citar principalmente o
processo operacional, ou seja, a coleta das amostras de forma correta (reduzindo
riscos de contaminação), caso o cultivo não seja realizado logo após a coleta deve-se
deixar as amostras sob refrigeração ou congelar. Ainda, as amostras devem ser
coletadas antes do início de tratamentos ou então 14 dias após o término.
Recomendamos que as diferentes técnicas sejam utilizadas de forma
estratégica nas fazendas visando otimizar os diagnósticos e melhorar a saúde do
úbere.


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